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quarta-feira, 23 de março de 2011

Caminhos pedagógicos para a inclusão: vamos retirar as pedras?

Elizabete Cristina Costa Renders[1]

“No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca mais me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra”.
(Carlos Drumond de Andrade)

A educação é um direito humano a ser garantido para todas as pessoas, portanto, não cabem processos de seleção que indiquem alunos aptos ou inaptos para a escolarização. Não cabem pedras no caminho pedagógico. Cabe, sim, à escola, iniciar o processo de construir-se com uma nova escola – uma escola de/para todas as pessoas. Para tal, será necessário valermo-nos de caminhos pedagógicos diferenciados, no sentido da promoção de um processo de construção do conhecimento acessível a todos os estudantes. Será necessário romper as barreiras que se colocam como pedras no caminho de estudantes e docentes.
Os caminhos pedagógicos nos remetem à imagem do pedagogo (mundo grego) que, na sua dinâmica, compõe-se dos atores (criança / acompanhante), do caminho (percurso) e da busca de um objetivo (a construção do conhecimento). Todavia, na perspectiva da inclusão, esta dinâmica considera a diversidade, valoriza as diferenças e, por conseguinte, converte o nosso olhar: atores são diferentes (docente, discente ou quem mais participe das relações inerentes aos caminhos educacionais), caminhos são diferentes (cada um faz o percurso a partir do seu jeito ser) e objetivos são diferentes (os saberes são diferentemente sábios). Mas se todos são diferentes, parece que a igualdade é inventada – será?!
Na perspectiva da professora MANTOAN, “diferença é o que existe, a igualdade é inventada”. Entendemos que a igualdade é inventada quando construímos um só jeito de caminhar e o impomos a todas as pessoas da sociedade ou a todos os estudantes presentes no sistema educacional (desde a educação infantil até o ensino superior). Passamos, então, a viver e alimentar uma ilusão: o caminho igual para todos os estudantes. E mais, a falácia torna-se uma determinação: os que não percorrem este caminho são incapazes de aprender. Daí a exclusão: tem aluno que consegue e tem aluno que não consegue aprender. Será?!
Especialmente no que toca à inclusão de pessoas com deficiência, somos desafiados a construir caminhos acessíveis (sejam físicos ou representativos), rompendo as barreiras (físicas, comunicacionais e atitudinais) já existentes e, conseqüentemente, “aprendendo a ser” uma escola inclusiva – construindo novos e diferentes caminhos que possam ser percorridos pelos diferentes estudantes. Trata-se da construção de uma cultura inclusiva na comunidade escolar.
           
Referência Bibliográfica:

MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Uma escola de todos, para todos e com todos: o
mote da inclusão. Disponível em: <www.lite.unicamp.br / papet / 2002 / nt /
tal.5.htm>. Acesso em 20 de setembro de 2006.


[1]   Doutoranda em Educação pela UNICAMP, atua como  docente na FAHUD e como Assessora Pedagógica para a Inclusão na Universidade Metodista. Email: elizabete.costa@metodista.br.

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